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ESPIRITUALIDADE É UMA VIDA SOB A DIREÇÃO DO ESPÍRITO SANTO


A Espiritualidade pressupõe uma medida de autoconhecimento, o ser enquanto ser, em sua pluridimensionalidade (corpo, intelecto, alma, sentimentos, vontades), e em seus relacionamentos para com Deus, o próximo, consigo mesmo e com a natureza. Ter uma visão o mais realista possível de si, e a consciência das alienações básicas (natureza caída = pecado) é fundamental para a vida com sanidade. A Espiritualidade adequada, como sentido de vida e projeto de vida, tem uma dimensão terapêutica. A reconciliação com Deus nos leva às outras reconciliações;

A Espiritualidade Cristã tem três dimensões. O conjunto harmônico dessas dimensões pode ser denominado de Espiritualidade Integral:

a) Uma Vida de Adoração: a consciência da existência de uma divindade, de uma transcendência, o eu diante do EU-SOU. O sentir do ser, sentindo Deus. Contemplação, adoração, louvor, meditação, oração, jejum, verticalidade.

Se a Espiritualidade se resumisse nessa verticalidade, nessa dimensão de adoração, se poderia cair no risco do misticismo e da alienação.

b) Uma Vida de Reflexão: o ser como ser pensante. O Deus como Deus de revelação. Crer é, também, pensar. Podemos ter a mente de Cristo. O positivo que ocupa o nosso pensar. Conhecer a vontade de Deus pela renovação do entendimento. Conceitos e preceitos no lugar de preconceitos. As Sagradas Escrituras, a História da Igreja, as Doutrinas Cristãs, a Ética (pessoal e social), a natureza, as artes, a filosofia, a ciência, o jornal do dia, como ferramentas do pensar na vida e no pensar para a vida.

Se a Espiritualidade se resumisse nesses exercícios intelectuais, nessa dimensão de reflexão, se poderia cair no risco do academicismo, egocêntrico e irrelevante.

c) Uma Vida de Ação: o ser como ator social (família, comunidade, profissão), como agente histórico (associações, partidos, ONGs, movimento), como cidadão. A Espiritualidade do Engajamento, de praticantes, e não somente ouvintes. A cura das alienações nos conduz não a uma santidade passiva (deixar de fazer o mal), mas a uma santidade ativa (fazer o bem). Os parâmetros são os valores do Reino de Deus, de justiça e de paz, que somos chamados a promover. A cidadania responsável como expressão de santidade.

Se a Espiritualidade se resumisse nesse engajamento, nessa dimensão de ação, se poderia cair no risco do ativismo estéril e desgastante.

Passos: Conhecer – Discernir – Interceder – Intervir.

Uma Espiritualidade Integral se vincula a uma concepção de Missão Integral para os Cristãos e para a Igreja: Proclamação – Ensino – Comunhão – Serviço – Profetismo.

Uma Espiritualidade Integral se molda no exemplo e nas palavras de Jesus. Jesus como modelo. Uma vida de conversão e santificação, no transformar-se à sua imagem. Para os cristãos orientais: cristificação ou deificação.

A Espiritualidade Cristã somente é possível pela ação do Espírito Santo, que convence, conduz à fé, transforma e frutifica: temperamento, caráter, concretude, permeando todas as dimensões do ser.

Assumindo o fato da paternidade geral de Deus na Criação, onde, lato senso, somos irmãos da humanidade (ontologia), e temos na terra o nosso lar comum (escatologia), pela nova e eterna aliança, assumimos a paternidade especial de Deus na redenção, em Cristo Jesus, e na geração da Igreja, como primícia, vanguarda e ensaio geral da nova humanidade. Fora da Igreja não há salvação. A Palavra, os Sacramentos, a Comunhão dos Santos como alimento para a nossa Espiritualidade. No Corpo da Igreja descobrimos e exercemos os nossos dons, e descobrimos a nossa vocação para o mundo.

Ao longo da sua História, a Igreja, em seus vários ramos e momentos, tem desenvolvido ênfases, métodos e exercícios para o cultivo da Espiritualidade. Devemos assumir essa rica herança, e lançar mão de tudo o que for válido e adequado para o nosso momento e os nossos seres.

A Espiritualidade Cristã nunca pode perder a sua consciência escatológica, a transitoriedade da vida, a História como um interregno entre a Ordem da Criação (Jardim do Éden) e a Ordem da Restauração (Nova Jerusalém). Vivemos o tempo na esperança da eternidade, que relativiza tudo no tempo e na História, apontando para o Absoluto.


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Bispo Robinson Cavalcanti é bispo anglicano da Diocese do Recife; cientista político, advogado, palestrante nacional e internacional. Esta palestra foi proferida no dia 07 de maio de 2009, no 36º. Encontro da SEPAL, em Águas de Lindóia-SP.

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