Uma re-leitura à partir das palavras de Jesus.
Mateus 5.38
Algumas considerações:
A experiência de perdão na presença de Deus, é necessariamente uma experiência de transformação daquele que recebeu o perdão e daquele que concedeu o perdão.
Para que isso aconteça a confrontação é inevitável! Mateus 18. 15: “se seu irmão... vá e...”
Você sabe que errou comigo? Você sabe que aquilo que você falou me feriu? Você sabe que este seu comportamento me magoa? Você sabe que os seus valores ferem o meu caráter? Você sabe que os relacionamentos que você tem me machucam, causam em mim ressentimentos? A maneira como você me trata, como você fala comigo, como você lida com as minhas coisas, você sabe como tudo isso me machuca?
Quero dizer o que é que você me deve e porque é que você me deve. Quanto, quando foi que você contraiu a dívida, quero refrescar a sua memória. Talvez você não saiba que me deve, talvez você tenha esquecido que me deve, talvez você já esteja achando que o meu perdão para você é automático. Não é assim não! Eu quero dizer para você que você ainda me deve. E quero dizer para você o que, quanto, como, quando e como é que este negócio aconteceu e lembrar para você que você ainda me deve.
Até porque, Mateus 18 começa no versículo 15: “se o seu irmão pecar contra você, vá e mostre o erro dele”. “Olhe: estou dizendo para você tem uma notinha aqui diz que é você que está devendo”. Mostre para ele, prestar contas.
Agora o que é que acontece hoje?
Primeiro é que não tem confrontação e prestação de contas.É tudo escamoteado, é tudo nas meias palavras. Falando com um amigo, falando com o pastor, falando com amiga, com a cunhada, com amiga, com a tia, com a mãe, com pai.
É desabafo, é comentário. Mas não é confrontação. Olho no olho, cara a cara. São mensagens cifradas. São frases feitas. É um clima em casa ou na igreja que se compromete.
Você evita o encontro. Fuga as mais diversas. Já evitamos a confrontação. Não queremos passar pelo vale turbulento da confrontação. Porque ruim nesse clima, pior na confrontação. Então vamos evitar a confrontação porque daqui a pouco passa.
E, quando a confrontação acontece, não basta concordar com a ladainha que está sendo buzinada. “Não é isso mesmo... estou muito triste... falei para meus amigos que estava arrependido...” Não é isso! Concordar, ter remorso comunicar; para acabar com a confrontação não é suficiente.
Segundo que não há supervisão.
A gente vai relevando. Mas não vai perdoando. A gente vai empurrando as coisas; abrindo gavetas e jogando notas lá dentro... Assuntos assim, não tratados, eles perdem a razão. E na hora que isso acontece, 15, 20 anos depois, você pode tirar todas as notas da gaveta e colocar sobre a mesa porque o leite já derramou.
Sabe o quero dizer com isso? Já não se trata mais de colocar notas em cima da mesa.
O problema ai passa a ser o clima, o ambiente, o relacionamento. O ambiente já se degenerou, o respeito já foi, a consideração já foi.
Porque é necessário este procedimento? Por duas razões só:
Primeira porque PERDOAR, NÃO SIGNIFICA QUE nossa dignidade foi rifada. Da mesma forma como Deus, Deus não rifou a dignidade dele conosco.
Um Deus que varre notas para debaixo do tapete, deixa de ser um Deus três vezes santo e se torna um Deus conivente. Cúmplice. Um Deus que faz vistas grossas é um Deus que compromete seu próprio caráter. Sua própria dignidade.
“Eu não tolero ser tratado desse jeito. Isto é aviltante para mim. Então eu tenho que prestar contas. Não posso deixar sujeira embaixo do meu tapete porque este tapete é a minha dignidade, e você não vai fazer isso comigo não”.
Agora, a segunda razão é que Deus nos dá a oportunidade de saber que estamos colocando coisinhas embaixo do tapete dele, e nos dá oportunidade de mudar.
Então VINGANÇA não é a solução, mas há uma necessidade de acerto de contas, sim. Porque quando nós confrontamos, nós damos ao outro a oportunidade de se enxergar, de se ver, de se avaliar. Isto a palavra de Deus diz: que Deus disciplina ao filho a quem Ele ama.
E é necessário que coloquemos os limites. Porque os limites protegem nossa saúde, nossa dignidade, e mais, os limites protegem a saúde do outro e a dignidade do outro; por isso é necessário sim: Chamar e dizer: vamos acertar aqui algumas contas...
Também quero lhes dizer que eu ouço muito as pessoas me dizerem: “Eu não consigo perdoar...”.
E dizem assim também: “Eu já perdoei na minha cabeça, mas no meu sentimento, no meu coração eu não perdoei...”.
Então você não perdoou.
Quero dizer duas coisas:
PRIMEIRA: PERDÃO NÃO É QUESTÃO DE CAPACIDADE. PERDÃO É UMA QUESTÃO DE MANDAMENTO. DEUS MANDOU PERDOAR.
Inclusive na oração do Pai Nosso Ele diz o seguinte: perdoa-nos as nossas dívidas, assim como nós perdoamos a quem nos tem ofendido. É assim que Ele fala. É assim que o meu Pai que está nos céus vai fazer com vocês, se vocês não perdoarem, é um mandamento de Deus.
Deus não esta perguntando se você é capaz ou se não é capaz, se você consegue ou não consegue; Ele mandou você fazer. Não está em discussão a sua capacidade de perdoar, esta em discussão se você vai obedecer, ou se não vai obedecer.
SEGUNDO: PERDÃO NÃO É UMA QUESTÃO DE SENTIMENTO, É UMA QUESTÃO DE COMPORTAMENTO.
Não é o que eu sinto, é como eu trato a outra pessoa, como que eu me comporto em relação a ela. E perdoar é não deixar mais que aquele agravo feito faça diferença no meu comportamento hoje. Porque o agravo feito ontem e perdoado ontem à noite não pode estragar meu café de hoje cedo.
Eu não posso retalhar, não posso trazer de novo a nota porque já foi rasgada ontem à noite. Não pode afetar o relacionamento e o comportamento dos irmãos.
Agora, o meu sentimento eu diria sabe o que: é outra conversa... Cada vez que nós nos comportamos como quem perdoou o sentimento é drenado, drenado, drenado, drenado...
Se você está esperando sentir para se comportar, você está no caminho errado. Comporte-se que você vai começar a sentir. Se o fulano lhe tratou mal, domingo que vem vá lá e cumprimente, abrace-o, já se acertaram? Então vá lá no Domingo que vem e convide-o para comer uma pizza!
“Não, mas eu não sinto, estou sendo hipócrita!”. Não, não, você está sendo obediente.
Faça isso. Ação com que faz com que nosso coração vá atrás. O nosso sentimento vai atrás da nossa ação. Porque quanto mais nós esperarmos o sentimento aparecer, mais o sentimento ruim vai recrudescendo. Adensando, aprofundando.
Então comporte-se, volte-se para a pessoa e diga: eu preciso falar com você. Não é uma questão de capacidade, é uma questão de mandamento. Não é uma questão de sentimento, é uma questão de comportamento.
Eu não tenho nenhuma dificuldade de entender que você pedoou a divida e sentar na calçada da igreja, e falar assim: “Pô! Meus cenzão! Caramba! Tive que perdoar esse cara! Fiquei sem esse cenzão; eu tinha uma expectativa de receber meus cenzinho. Mas tive que perdoar, e agora?”
E o coração ainda está angustiado, mas o coração vai na carona da ação. Não é o contrário. O coração segue o ato de obediência. Não é o ato de obediência que é determinado pelo que sente o coração. Perdão é comportamento.
MILTON PAULO
pastor na vineyard café
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VINGANÇA - PARTE 2 DE 4
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