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CABELOS BRANCOS


Não sou saudosista. Mas no meu último aniversário, pude observar que já estou descendo do outro lado da montanha! A primeira metade da vida já passou. E se o salmista estiver com a razão – e geralmente ele está – passar dos 70 ou 80 anos é “enfado da carne...”. É, demorou mas cheguei ao meio do caminho!

Bom, dos meus 42 anos, 25 deles passei envolvido com o Evangelho, com Igreja e com igreja. Vi coisas do arco da velha, mesmo não tendo nascido há 10.000 anos atrás!

Vi os “corinhos” invadir a liturgia dos cultos tradicionais, num tempo que bateria era instrumento do demônio. O órgão era sacro e a guitarra profana;

Vi o Katsbarnéa nascer. Não só ele, mas também a Oficina G3, o Resgate, o Troad, e muitos outros que surgiram por um breve espaço de tempo e depois sumiram;

Sou do tempo do Janires e a Banda Azul. Do Sergio Pimenta...

Sou do tempo do “culto ao ar livre” com caixote de maçã como palco e sempre um bêbado se “convertendo” e chorando no ombro dos diáconos na praça;

Sou do tempo que os diáconos da igreja discutiam, se era permitido ou não, ter barzinho em casa;

Do tempo dos encontros da Comunidade da Graça no CPP nas noites de segunda-feira;

Fui viúvo do Caio Fábio, órfão da Vinde! E depois vi o Caio renascer como a Fênix;

Fui do tempo em que o púlpito não era palco nem palanque, e a congregação não era platéia;

O pastor que me batizou não era considerado um showman. Era sempre muito hospitaleiro e tinha as mãos ásperas pelo manuseio do torno e da solda. Lida com o batente durante o dia e com o rebanho a noite e nos finais de semana;

Fui do tempo em que cantores que se dedicavam a louvar a Deus não tinham fã clube. Eles não sabiam o que significa tietagem após suas apresentações;

Há 25 anos atrás, o sonho da igreja era conquistar o mundo para Cristo e nosso maior inimigo nesse processo era o diabo... Nosso inimigo não era a “igreja concorrente”. Hoje parece que o sonho é outro e, nossa igreja sempre está errada na boca de outro pastor;

Fui do tempo, das campanhas missionárias. Noite de domingo com arrecadação específica e alvo, onde o dinheiro era investido no envio de missionários para o campo, e não para outras finalidades;

Bons tempos!

Mas confesso: Não tenho saudades de tudo! Esse mundo pós-moderno e a possibilidade de ver o que Deus está fazendo nessa geração me fascina! Encanta-me, me desperta para inúmeras possibilidades.

E mesmo aos 42 anos, ainda tenho fôlego – talvez não para correr ou voar, mas para caminhar. E continuo sonhando com ser/fazer/estar Igreja. Sonho a igreja para minha filha e quem sabe os meus netos.

Sonho um tempo melhor que o meu. Sonho um tempo sem esse maldito mercado gospel, com seus ídolos forçados, e seus subprodutos.

Sonho com o dia que este mercado fique saturado a ponto de NINGUÉM suportar mais patrocinar os projetos megalomaníacos dessa gente;.

Sonho com o dia que cada vez mais cristãos se conscientizem de que seu papel não é o de manter esta indústria religiosa, que se apresenta como “ministérios”, e sim, de trabalhar pela transformação do mundo. Começando na minha casa, na igreja onde sirvo;

Sonho com o fim dessa feira de vaidades. O fim da contabilidade de vendas de produtos, da venda de pacotes mágicos para crescimento de igrejas e de estratégias evangelísticas mirabolantes. O fim do “próximo lançamento”;

Sonho com o dia em que o importante seja o que é certo, e não o que dá certo. O dia em que voltaremos ao velho e bom Evangelho, sem invencionices. Ao discipulado, vida-na-vida, sem a pressão pela multiplicação;

Sonho com o dia que deixaremos que Ele acrescente em número, enquanto nós focamos a qualidade de nossa vivência cristã: No nosso dia-a-dia. Na maneira como nos comportamos, vivemos e agimos;

Sonho com o dia em que os milagres aconteçam em ambientes domésticos e seculares, no dia-a-dia, como o meu pastor tem insistido em me ensinar: “no chão da vida! Onde as coisas de fato acontecem!”.

Enfim, sonho para os meus próximos 40 anos, com algo parecido ao que o profeta Habacuque falou: “que a Terra se encherá do conhecimento da glória do Senhor como as águas enchem o mar”. Não através de eventos extraordinários, marchas, cruzadas, mas através de gente anônima, ilustres desconhecidos, vivendo o Reino no chão da vida e, ofuscando o brilho daqueles que se acham indispensáveis na expansão do Reino de Deus.

Que venha o Reino!

milton paulo
pastor na vineyard café

2 comentários:

Flaviane Batista disse...

Tenho metade da sua experiência, porém a mesma sensação: inversão de valores. Ao ler o post, rapidamente me lembrei de uma música do grupo Logos (um grupo voltado verdadeiramente para o chamado do Senhor, diga-se de passagem) onde a mensagem é esta:
Eu sinto verdadeiro espanto no meu coração
Em constatar que o evangelho já mudou.
Quem ontem era servo agora acha-se Senhor
E diz a Deus como Ele tem que ser ...

Mas o verdadeiro evangelho exalta a Deus
Ele é tão claro como a água que eu bebi
E não se negocia sua essência e poder
Se camuflado a excelência perderá!

Mostra ainda a justiça de um Deus
Que é bem maior que qualquer força ou ficção
Que não seria injusto se me deixasse perecer
Mas soberano em graça me escolheu

É por isso que não posso me esquecer
Sendo seu servo, não Lhe digo o que fazer
Determinando ou marcando hora para acontecer
O que Sua vontade mostrará.

Preocupemo-nos mais com o ide. E indo, cumpramos nosso chamado, certos de que o Senhor é deve ser exaltado. Deus abençoe vcs!

Vanessa Paschoa disse...

Sempre bom ouvir cristãos que mantêm o foco...

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