Essa canção da Broke Frase expressa o que tentei compartilhar no último domingo na Vineyard Café...
A celebração se tornou uma coisa extramente difícil de fazer.
Muitas pessoas consideram o culto um ritual protetor. Explico: seis dias da semana faço o que bem entendo da minha vida e, no sétimo dia, separo uma parte do tempo para ir a igreja, purgar os meus pecados e re-carregar a bateria para mais uma semana de vida.
Culto não é isso. Aliás aqui a gente não usa a palavra “culto”, porque ela remete a uma idéia de sacrifício: “vim aqui oferecer meu culto, meu sacrifício vivo”.
Porém, servir a Deus não é um sacrifício no sentido “pô, mais que saco!”. Mas, no sentido que Paulo dá, é um ato continuo de vida na presença de Deus, “...um sacrifício vivo”, o sentido de estar continuamente na presença de Alguém. Vivendo um compromisso.
Por isso aqui, o que os outros chamam de “culto”, nós chamamos de Celebração. Tempo que nos reunimos, de forma consciente para celebrarmos.
CELEBRARMOS O QUE?
Celebrarmos a vida.
Vivemos em uma sociedade tão prática que mesmo nossos momentos mais íntimos se tornaram sujeitos a pergunta “qual é o propósito disso?”.
Me parece que o convite cristão a celebrar, aceitar a vida como a única vida que você tem, vivê-la e aceita-la como algo bom, tornou-se o desafio mais difícil que enfrentamos hoje.
• Descobrindo diante do mistério de Deus que há apenas uma vida pra ser vivida;
• Descobrindo que viver é descobrir que tudo da vida é bom;
• Descobrindo que quando isso faz sentido, morremos para a ilusão que a vida é diferente disso;
• Descobrindo que o segredo de toda vida é a morte: morrer é viver;
Isso significa que celebrar a vida é voltarmos às costas ao fatalismo e desespero e reconhecermos que temos apenas uma vida, para vivermos continuamente na presença de Deus.
COMO ESSA CELEBRAÇÃO SE TORNA UMA POSSIBILIDADE NA VIDA HUMANA?
Nossas vidas vibram entre duas trevas: saímos de modo hesitante das trevas do nascimento e vagarosamente desaparecemos nas trevas da morte.
Nos movemos de poeira em poeira;
De desconhecido em desconhecido;
De mistério em mistério;
Estamos cercados pela realidade do invisível, que enche cada parte da nossa vida de terror, mas ao mesmo tempo controla o secreto mistério de estarmos vivos.
Nessa condição ambígua a CELEBRAÇÃO parece ser a proposta menos apropriada!
COMO CELEBRAR A VIDA QUANDO NÃO COMPREENDEMOS SEUS LIMITES EXTREMOS NEM O SENTIDO COMPLETO DAQUILO QUE ACONTECE ENTRE ELES?
Quando falamos em celebração, a tendência imediatamente pensarmos em festividades alegres e prazerosas quando podemos esquecer por um momento as dificuldades da vida e mergulhar em uma atmosfera de musica, dança, bebidas, risos e muita conversa sem importância!
Mas celebração no sentido cristão tem muito pouco a ver com tudo isso.
CELEBRAÇÃO somente é possível pelo profundo entendimento que a vida e a morte jamais estão completamente separadas...
CELEBRAÇÃO só pode acontecer onde o medo e o amor, a alegria e a tristeza, as lágrimas e os sorrisos puderem existir juntos.
CELEBRAÇÃO é a aceitação da vida de uma forma consciente sempre crescente sobre sua preciosidade. E a vida é preciosa não somente porque pode ser vista, tocada e provada, mas também porque acabará um dia.
Aqueles que são capazes de celebrar a vida podem evitar a tentação de buscar a perfeita alegria. A vida não está embrulhada em papel celofane e protegida contra todas as infecções.
CELEBRAÇÃO não é escape das realidades, mas a completa aceitação da vida em sua total complexidade. Passado, presente e futuro.
Ou melhor, AFIRMAÇÃO, LEMBRANÇA E EXPECTATIVA
1. AFIRMAÇÃO
CELEBRAÇÃO, é em primeiro lugar, a completa afirmação de nossa condição presente.
Dizendo com toda convicção: "ESTAMOS, ESTAMOS AQUI, ESTAMOS AGORA”. Só podemos celebrar quando estamos presentes no presente.
Agora, se alguma coisa pra mim está muito claro, é que temos perdido em grande parte a capacidade de viver no presente.
Muitas das chamadas CELEBRAÇÕES não são nada mais do que momentos dolorosos entre as preparações aborrecidas e cansativas conversas posteriores. (...isso não só neste tempo de igreja reunida, mas no aniversário do filho, na festa de natal, nos preparativos do casamento... Nos desgastamos tanto com o antes e o depois que não desfrutamos o durante)
Somente podemos celebrar se algo presente que mereça ser celebrado. Não podemos celebrar o natal se não há nada novo aqui e agora, não podemos celebrar a Páscoa quando nenhuma vida nova se torna visível, não podemos celebrar o Senhor, se não cremos que ele está aqui de fato.
CELEBRAÇÃO é o reconhecimento que algo existe e precisa tornar-se visível.
Nesse contexto faz todo o sentido as nossas reuniões de PG e oração nas noites de quintas. Porque é mais do que se preocupar juntos: é tornarem-se presentes uns com os outros de um modo verdadeiro.
É possível compartilhar idéias, porque elas realmente são suas, repartir sentimentos, porque eles existem realmente; falar sobre preocupações porque elas nos machucam e sentimos a dor em nossa própria alma.
2. LEMBRANÇA
As pessoas não podem realmente celebrar suas vidas no presente quando não estão relacionadas com o passado de modo significativo.
O presente não pode ser experimentado como presente se o passado não puder ser lembrado como passado.
Agora, o passado pode se tornar uma prisão na qual você sente como se estivesse aprisionado para sempre. Ou ainda, pode ser uma constante razão para parabenizar a você mesmo! Explico:
Seu passado pode fazer você ficar profundamente envergonhado ou dominado pela culpa, mas também pode ser a causa de orgulho e auto-contentamento.
Algumas pessoas dirão com remorso: “se eu pudesse viver minha de novo, faria tudo diferente!”; ou então, “você me acha velho? Olhe todos estes troféus que eu conquistei na minha juventude”.
A memória é uma das maiores fontes de felicidade e sofrimento humanos!
Se quisermos CELEBRAR nossas vidas no presente, não podemos nos desligar de nosso passado, ao invés disso, precisamos aprender a olhar para nossa história como uma seqüência de eventos que nos trouxe até onde estamos no presente e que nos ajuda a compreender o que significa estar aqui naquele momento neste mundo.
Aqueles que celebram a vida não farão com que o passado se torne uma prisão ou fonte de orgulho, mas irão enfrentar os fatos da história e aceita-los completamente como elementos que nos permitem reivindicar as experiências como NOSSAS.
3. EXPECTATIVA
Além de afirmar a vida e recorda-la, a celebração está cheia de expectativas para o futuro.
Se o passado tivesse a última palavra, nos aprisionaria cada vez mais a media que envelhecemos;
Se o presente fosse o momento final de nossa satisfação, nos agarraríamos a ele com uma avidez hedonista, tentando tirar a ultima gota de vida dele.
Mas o presente tem promessas e se estende aos horizontes da vida, e isto torna possível para nós abraçar nosso futuro assim como nosso passado em um momento de celebração.
Quando aprendemos a celebrar dessa maneira, repentinamente percebemos o que significa dar a vida pelos outros. O mundo se torna maior, nossas idéias mais abertas, nossas perspectivas mais profundas.
O presente contem promessas pra o futuro.
Assim, a CELEBRAÇÃO significa afirmação do presente, que se torna completamente possível somente por relembrarmos o passado e esperar mais do que virá no futuro.
Celebração é o que acontece AQUI E AGORA, com gratidão pelo ALI E AQUEM, com os olhos fixos no LÁ E ALÉM.
A vida é celebrada!
Aqui é somente uma parte disso. Mas a maior parte de nossa vida, vamos celebrar onde a liturgia não acontece.
Talvez, tenhamos de nos tornar mais sensíveis ao povo e aos lugares onde ninguém fala de forma teológica, mas onde a vida é totalmente confirmada no sentido mais profundo da COMUNHÃO.
Isto significa ter um modo de vida que permita realmente celebrarmos a vida
milton paulo
pastor na vineyard café
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CELEBRAÇÃO - MAIS QUE UM RITUAL!
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1 comentários:
Lindo o texto! Celebração, comunhão. Há muitas pessoas que vivem na mais completa solidão porque construíram pontes ao redor de si, pontes em que ninguém caminha. Deveriam ter construído pontes ligando-as aos outros.Quanto aprendizado é desperdiçado quando não nos ajuntamos para celebrar! Celebremos a comunhão, então. Belo!!!
Alzira Sterque
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